Luciana Brandão  é Coordenadora de RH do Grupo Binário
Luciana Brandão é Coordenadora de RH do Grupo Binário

A falta de mão de obra no setor de Tecnologia da Informação não é uma novidade. Mesmo em tempos de crise econômica, com taxa de desemprego em 7,9%, as vagas no setor só aumentam no Brasil. Segundo a Catho, de janeiro a junho deste ano, o número de vagas em TI aumentou em 44,2%, sendo que só no mês de junho, foram abertas 10.105 vagas, 3.640 a mais do que o mesmo período no ano passado.

Não é só a abundância de oportunidades no setor que surpreende. A presença feminina ainda é baixa: no Brasil, as funcionárias representam apenas um quarto das 520 mil pessoas que atuam no setor, segundo o Censo 2010, último levantamento do IBGE com informações detalhadas por atividade.

Agora, vamos olhar para os altos cargos em TI. De acordo com pesquisa realizada pela Harvey Nash, que consultou 3.691 CIOs em mais de 30 países, apenas 8% dos gestores de TI em 2015 são mulheres. O quadro negativo é constante: era de 7% em 2012 e chegou a 9% em 2013, antes de cair para 7%, novamente, em 2014. Já a presença em posições de CIO e CTO ou vice-presidência também retraiu, passando de 8% para 6%.

A baixa presença feminina no setor não tem um motivo claro, por consequência, a atuação feminina em cargos de gestão. Para a Miriam Vasco, presidente da unidade paulista da Associação de Usuários de Informática e Telecomunicações (Sucesu), “para ser CIO, o líder já passou por várias etapas na vida, já teve um ciclo de carreira, então temos que contar muitos anos para trás para achar a explicação da baixa participação feminina”.

A pesquisa confirma a visão de Miriam ao revelar que 12% dos CIOs disseram que suas equipes não têm mulheres, e 40% dos líderes relataram que elas são menos de 10% dos profissionais em seus times. A disparidade é ainda maior nas empresas com orçamento de TI inferior a US$ 1 milhão: 44% dos líderes admitiram ter só homens na equipe, enquanto 7% possuem mulheres em número maior ou inferior. Nas organizações com budget de pelo menos US$ 250 milhões para TI, 61% dos gestores afirmam que elas são menos que 20% da força de trabalho.

Nós já tratamos deste assunto aqui no final de 2014, no post “A TIC e suas diferenças de gênero… Um papo que ainda vai render”. O papo rendeu e certamente ainda será assunto por muito tempo, já que pesquisas recentes, como as que compartilhamos neste post, continuam nos mostrando que este cenário pouco vem mudando, e por várias razões.

Para Miriam, um dos motivos é a falta de incentivo para atuação na área logo cedo, já que as escolas e os pais não veem (ainda) a TI como profissão. “Costumamos ouvir sobre medicina, direito, engenharia”, pontua, adicionando que, ainda, existe a falsa ideia de que tecnologia é uma área de trabalho masculina: “há muita demanda nas empresas por mulheres em cargos executivos, mas não temos candidatas”.

Na visão da presidente, as companhias devem ir às escolas de ensino médio e universidades para incentivar as garotas e, de forma gradual, evangelizar pais, jovens e professores sobre o assunto. E você, o que acha? Falta interesse por parte das mulheres ou o setor precisa ser mais atrativo?

Fontes:
http://goo.gl/pIKtGK
http://goo.gl/bH9iBp
http://goo.gl/8QU2gf
http://goo.gl/0hgNAF