Bons oradores não nascem prontos, eles se constroem. Comunicar-se bem é uma competência que pode (e deve) ser aprendida e explorada, e é bom que o seja, já que é fundamental para todos aqueles que já são ou almejam ser gestores e líderes.
Comunicação é um processo de conquista. Para alcança-la, alguns fatores são determinantes, e o primeiro deles é ter domínio sobre o assunto de que se trata. Não é porque você é um gestor que parou de aprender, certo? Manter-se constantemente atualizado sobre seu escopo de atuação, o mercado em que se insere sua empresa, as tarefas relativas a seu cargo e ao de seus colegas e equipes é um grande passo no sentido de comunicar com excelência.
Ter conhecimento de técnicas de oratória também ajuda, e muito. Se tiver disponibilidade, busque cursos com profissionais da área. Geralmente, são treinamentos objetivos, que não ocupam muito tempo e produzem resultados surpreendentes. Se não puder buscar auxílio profissional, a boa e velha Internet pode dar uma mão: há material de qualidade disponível sobre oratória, dicção, discurso e temas afins no YouTube. Procure!
Já o terceiro fator é crucial, é ele que realmente fará a diferença no grau de captação das mensagens de um líder por sua equipe: o respeito aos ouvintes. Procure saber sobre seus interlocutores. Quem são, o que realmente fazem, que função cada um deles desempenha e com que informações lidam diariamente? Estar inteirado destes tópicos no momento de comunicar potencializa a absorção da mensagem e, melhor do que isso, melhora as chances de que esta seja recebida da forma exata com que o emissor quis transmiti-la.
Ok, então isso significa “dizer o que o ouvinte quer ouvir”? Não necessariamente. Significa dizer o que precisa ser dito de forma que seja não apenas ouvido e seguido, mas principalmente compreendido e aceito.
Diversos levantamentos de consultorias de Recursos Humanos nacionais e internacionais mostram que o ouvinte que se sente valorizado melhora a recepção da mensagem. Isto porque a valorização funciona como um estímulo ao seguimento da mensagem. Ou seja: se seu colaborador sentir que é importante para você e para a empresa, receberá sua comunicação como uma missão que ele pode, deve e quer cumprir, ao invés de entende-la apenas como uma ordem, o que torna o cumprimento obrigatório, mas maçante e, não raro, pouco produtivo.
Nesta linha de entendimento da plateia, procure conhecer quais são os objetivos de sua equipe. Afinal, entre eles certamente estão os objetivos de seu setor e da companhia. Muitas vezes, comunicar passa mais por ouvir do que por falar. Sabendo o que almejam seus times será mais fácil adequar estes anseios às metas grupais, alinhando discurso e ações para alcançar resultados positivos comuns.
Outro fator que não pode ser deixado de lado é a simplicidade. Parece óbvio, mas muitos gestores pecam na transmissão de suas mensagens por prescindirem de clareza. Seja franco, direto, objetivo. Demonstre conhecimento e firmeza, sem precisar forçar autoridade. Se seu discurso for coeso e perfeitamente inteligível, todos saberão que você domina o assunto e isso não precisará ser enfatizado.
Lembre-se: grandes líderes não são ambíguos ou prolixos, não fazem rodeios. Eles vão direto ao ponto. E se o ponto não for positivo, é claro que a mensagem irá requerer delicadeza, mas, nem por isso, deverá perder a precisão. Acredite: para os bons e maus momentos, a comunicação clara e reta é a via mais curta para a compreensão.
Preste atenção também ao quesito disponibilidade. Assim como o gestor tem pouquíssimo tempo livre, isso também pode ocorrer com suas equipes. Por isso, tenha em mente que, ao comunicar, o foco de seus ouvintes e, por conseguinte, seu poder de absorver as mensagens que estão sendo passadas, durará enquanto não lembrarem das pendências, e-mails não lidos, papéis acumulados em suas mesas. Portanto, nada de sermão: atenha-se ao que é realmente essencial e, se necessário, forneça alternativas para que os colaboradores se aprofundem no tema – seja ficando disponível para tirar dúvidas, oferecendo materiais impressos e digitais complementares, indicando pessoas com quem o assunto possa ser retomado etc.
Por fim, vamos à linguagem corporal. A Tecnologia da Informação e suas siglas, expressões estrangeiras e afins pode tornar qualquer mensagem um emaranhado de difícil compreensão. É nesta hora que os gestos podem auxiliar as palavras a manter a atenção do público. Preste atenção a sua audiência, avalie as expressões corporais e faciais. Será fácil perceber se está havendo compreensão ou cansaço, por exemplo. E se notar que algo não vai bem, mude o rumo da conversa/palestra/discurso. Este jogo de cintura exige treino, é verdade, mas começar a praticá-lo no próximo bate-papo que for ter com seu braço direito já o ajudará a pegar o jeito.
Não se esqueça que, no fim, o grande objetivo da comunicação é gerar confiança no discurso. Comunicar bem pode transformar equipes e rotinas, trazendo resultados cada vez mais assertivos a toda a empresa.
Pare, escute, entenda, aprenda. Ao contrário do dito popular, falar não é fácil, não. Mas está longe de ser impossível.
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