Da controvérsia à vantagem competitiva
Se falássemos a palavra deepfake há alguns anos estariamos falando apenas sobre algo negativo que estava circulando por aí ou algum viral. E, se as vezes essa voz ainda grita no fundo da sua memória, tá tudo bem, mas chegou a hora de ressignificar e entender como isso já mudou a forma que produzimos conteúdos que antes eram complexos, caros e dependentes de uma retenção de conhecimento técnico que está se tornando simples, rápido e um novo “isso a IA pode fazer”.
Aqui não estamos dizendo que o conhecimento técnico deixou de ser necessário, seja sobre o tópico ou técnicas de comunicação. A verdade é que eles só estão menos complexos, chegou a vez do peso do conhecimento ser leve dando mais espaço para a criatividade explorar novos caminhos de conexões reais entre público e conteúdo, e o Deepfake está ajudando a construir uma dessas pontes.
Não devemos deixar de pensar o uso ético e transparente, quem está conseguindo equilibrar as coisas têm mostrado cada vez mais que essa tecnologia é uma aliada poderosa para empresas que buscam:
- Aumentar a capilaridade da comunicação em múltiplos idiomas;
- Reduzir custos de produção audiovisual;
- Ganhar escala e consistência em treinamentos e vídeos institucionais;
- Simplificar conteúdos técnicos e acelerar a jornada de leads em mercados de alta complexidade.
Ferramentas como o HeyGen, por exemplo, permitem criar vídeos profissionais com avatares realistas e sincronizados com voz e legenda em múltiplos idiomas — tudo isso com um input de texto e poucos cliques.
Simplificando a jornada de leads técnicos
No marketing B2B, especialmente no setor de tecnologia, o topo de funil é povoado por leads com baixa maturidade técnica e alto volume de dúvidas. Explicar temas como cloud híbrida, segurança zero trust ou orquestração de containers pode gerar atrito entre áreas: de um lado, times de marketing e comunicação tentando “traduzir” os temas; de outro, especialistas técnicos sobrecarregados e com pouca disponibilidade para atender a essas demandas iniciais.
É aí que o uso de avatares gerados por IA estão transformando o jogo.
Imagine uma empresa de infraestrutura de rede explicando, com clareza e sem complicar, o funcionamento de sua solução SASE através de um vídeo institucional com avatar realista: em português, espanhol e inglês, ao mesmo tempo. Isso não apenas reduz o tempo de aprendizado do lead como libera o time técnico para interações de maior valor na jornada comercial.
Redução de atritos e mais sinergia entre times
Outro grande benefício da aplicação de IA generativa na comunicação empresarial está na integração entre marketing e áreas especializadas. Ao utilizar o HeyGen como ponte, é possível transformar documentos técnicos (como whitepapers ou manuais) em vídeos explicativos acessíveis e coesos, sem comprometer a precisão e onerar o especialista que muitas vezes não gosta de ser visto e prefere sempre estar atrás da tela sem holofotes chamando atenção para si.
Usando a IA a nossa favor, ganha-se:
- Agilidade na criação de conteúdo técnico;
- Alinhamento entre branding e conteúdo especializado;
- Redução do retrabalho entre equipes.
Além disso, vídeos com avatares são ideais para atualizações internas, treinamentos para novos colaboradores e apresentações de produtos para parceiros de canais ou revendas — tudo com padronização, escalabilidade e agilidade.
E o futuro?
O uso ético de avatares digitais será, nos próximos anos, um dos maiores trunfos das empresas que desejam comunicar com escala, personalização e relevância em um mercado cada vez mais técnico e globalizado. O deepfake, antes visto como ameaça, se consolida como um aliado estratégico.
Mas atenção: a transparência e o posicionamento ético são fundamentais. É preciso deixar claro quando se trata de um avatar gerado por IA, preservar a autenticidade da marca e garantir que a experiência do usuário continue centrada em valor.
A IA generativa aplicada à comunicação é mais do que uma tendência: é uma evolução necessária. Ferramentas como o HeyGen podem — e devem — ser utilizadas como catalisadores de negócios, unindo criatividade, tecnologia e estratégia para tornar a informação mais acessível, didática e escalável. E, acima de tudo, humana.
Em tempos de atenção fragmentada e jornadas complexas, simplificar é inovar.
O lado negativo do Deepfake
Certamente, a adoção da inteligência artificial nos últimos anos experimentou um crescimento notável em várias áreas, sendo uma das mais polêmicas a geração de imagens e vozes sintéticas, conhecida como deepfake.
Deepfakes são conteúdos criados artificialmente que podem reproduzir rostos humanos e até clonar vozes com um alto nível de realismo. Essa tecnologia pode ser uma ferramenta criativa e inovadora, mas também pode ser uma arma poderosa se usada de forma inadequada.
Na realidade, o deepfake já está sendo utilizado por agentes mal-intencionados para fins bastante perigosos, que vão desde fraudes financeiras com clonagem de voz e trapaças a sistemas de reconhecimento facial até produção de pornografia não consensual, disseminação de desinformação e manipulação de discursos políticos.
Segundo o relatório Internet Organised Crime Threat Assessment (IOCTA) 2024, da Europol (Agência da União Europeia para Cooperação Policial), já é possível que indivíduos sem qualquer conhecimento técnico utilizem ferramentas de deepfake. Estamos tratando de um contexto cada vez mais controlado pelo Crime-as-a-Service, onde grupos de cibercriminosos disponibilizam plataformas preparadas para ataques, com baixo custo e pagamento em criptomoedas, o que torna o rastreamento e a punição mais desafiadores.
Casos reais demonstram que isso não é uma questão futura, mas atual. Por um lado, observamos a emoção e o fascínio com o dueto entre Elis Regina e sua filha Maria Rita, reproduzido por meio de deepfake em uma campanha da Volkswagen. Por outro lado, a designer Juliana Brichesi teve sua conta no Instagram hackeada por golpistas que utilizaram uma versão sintética de sua imagem para realizar fraudes financeiras.
Na esfera política, os efeitos podem ser ainda mais prejudiciais. Em 2024, um pré-candidato à prefeitura de uma cidade em Mato Grosso do Sul foi multado em R$ 10 mil por veicular um vídeo alterado com deepfake, no qual seu adversário era ligado a ofensas dirigidas à comunidade local.
Esses exemplos demonstram que, embora haja oportunidades, os perigos do uso inadequado dessa tecnologia são reais e imediatos. Portanto, é essencial que avancemos simultaneamente em três áreas:
· Pessoas: Conscientização sobre o assunto
· Processos: Ética no desenvolvimento e uso de ferramentas
· Tecnologia: Fortalecimento de mecanismos de proteção e detecção
Apenas dessa forma poderemos explorar o aspecto promissor do deepfake sem ignorar seu lado negativo.
Fontes:
- https://olhardigital.com.br/2023/07/04/carros-e-tecnologia/elis-regina-canta-em-propaganda-emocionante-da-vw-feita-com-ia-veja/
- https://olhardigital.com.br/2023/07/20/seguranca/criminoso-invade-perfil-de-mulher-e-posta-deepfake-para-golpe/?utm_source=chatgpt.com
- https://olhardigital.com.br/2024/06/14/seguranca/deepfake-em-eleicoes-ja-e-real-entenda-caso-de-multa-de-candidato-em-ms/?utm_source=chatgpt.com